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Como Bayern de Munique de Kompany já impressiona no começo da temporada

Como Bayern de Munique de Kompany já impressiona no começo da temporada
Publicado em 24/09/2024 às 7:48

Quatro vitórias em quatro rodadas, 16 gols marcados e três sofridos. O Bayern após quatro rodadas da Bundesliga tem o melhor início na história da competição. Somando DFB Pokal e Champions League, a equipe de Vincent Kompany aumenta os números para seis vitórias, 29 gols pró e cinco contra, mantendo 100% de aproveitamento.

Muito além dos números, e ainda há tantos outros que serão apresentados abaixo, esse novo Bayern deixa a impressão de recuperação da imposição sobre os adversários. Entre as principais características deste clube nas últimas décadas, esta talvez seja a mais forte e evidente: a forma como se impõe diante dos adversários, algo perdido nas temporadas recentes.

Com Kompany à frente e um elenco fortíssimo à disposição, o Bayern voltou não apenas a vencer e convencer, mas a passar por cima de adversários notoriamente mais fracos. Como nos melhores tempos com Pep Guardiola e Jupp Heynckes, para citar os dois melhores exemplos recentes. Evidentemente ainda é cedo para qualquer comparação, por isso considerem a citação aos dois treinadores apenas como lembrança afetiva.

Nas seis partidas disputadas até aqui, o técnico belga utilizou seis formações diferentes. Por lesões ou decisões próprias, Kompany ainda não repetiu a escalação; no total, foram utilizados 17 jogadores. Primeiro Josip Stanišić, depois Sacha Boey e por último Manuel Neuer foram os lesionados principais.

Taticamente o padrão está estabelecido na movimentação a partir do 4-2-3-1 com a bola e o 4-4-2 na fase defensiva, sempre com pressão alta para sufocar os adversários e recuperar o mais rápido possível a posse – preferencialmente à frente. Uma única vez a formação tática foi alterada de início: no terceiro jogo oficial da temporada, 2 a 0 contra o Freiburg em Munique, quando o 4-3-3 foi escolhido.

Kim Min-jae e Dayot Upamecano são os zagueiros titulares, mas foram invertidos após a segunda partida, com o sul-coreano deslocado para a esquerda e o francês se fixando na direita. Vale ressaltar que, após tantas falhas na temporada passada, nesta Kim joga menos exposto e melhor protegido. O problema na lateral-direita, com as duas lesões, já foi resolvido de três maneiras: Joshua Kimmich, Raphaël Guerreiro improvisado e Konrad Laimer.

Kompany dá a entender que prefere Kimmich no meio-campo, apesar de estar sem Stanišić e Boey. Mesmo quando escalou o meio-campista na lateral, diante do Freiburg, fazia a saída de bola com Kimmich à frente dos zagueiros por dentro. Há uma estatística defensiva do Bayern que se destaca e que vem sendo cada vez mais usada para entender a pressão que o time exerce sem a bola. PPDA, em inglês Passes per Defensive Action, traduzida significa “Passes por ação defensiva”. Ou seja, número de passes que o time que está na defesa permite que o adversário troque até recuperar a bola. Os bávaros estão com índice de 8,09 (dados do Wyscout). São no total 319 recuperações de bola, média de 53,2.

Já que citamos novamente estatísticas, vamos a mais algumas fornecidas pela base de dados da ESPN. Nos seis jogos disputados até aqui o Bayern teve média de 70,2% de posse de bola, com acerto nos passes de 90,1% – no último terço do campo o índice permanece alto, em 84,2%. A equipe marcou 29 gols, o que representa um saldo +10 comparado aos gols esperados (xG), 19,3. Contando as finalizações bloqueadas, foram 119, número que resulta em média de quase 20 por partida.

Quem assistiu aos jogos do Bayern até aqui entenderá todas essas estatísticas com facilidade, afinal, ajudam a traduzir o que vimos em campo: intensidade com e sem a bola, além de domínio amplo das ações em campo.

Harry Kane segue em forma fantástica, acompanhado por Jamal Musiala que mantém o ritmo da Eurocopa. A chegada de Michael Olise potencializou ainda mais o ataque bávaro, e o francês se mostra polivalente também; no já citado jogo contra o Freiburg, atuou por dentro. São os dois destaques individuais na temporada do Bayern: dez gols e quatro assistências para o inglês, cinco e três para o francês. Somem ainda o crescimento de atletas como Aleksandar Pavlović, titular no meio-campo, e Mathys Tel, saindo do campo, e o elenco do Bayern vai se provando muito forte.

Na prática, Kompany, sem grandes invenções ou criações autorais, arrumou o Bayern por meio de um padrão tático simples e eficiente, onde consegue tirar o melhor de seus atletas e potencializar alguns pelo jogo associativo e ofensivo. Aos poucos, recupera a identidade de um clube, não apenas um time, que esteve irreconhecível na temporada 2023-24. E olha que o belga não era a primeira opção da diretoria… É necessário reconhecer que o encaixe das peças na estrutura de futebol do Bayern, até aqui, foi perfeito — também com o papel ativo e conciliador do diretor esportivo, Max Eberl.

No Power Ranking do futebol mundial, neste momento, o Bayern está na primeira posição.