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Mavericks apostam em Klay Thompson para voltar à final
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Depois de quatro títulos e uma história marcante no Golden State Warriors, Klay Thompson optou por uma mudança de ares e assinou com o Dallas Mavericks. Qual o impacto que a chegada dele pode ter para os vice-campeões da última temporada da NBA?
Como foram os Mavs na última temporada
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Campanha: 50 vitórias e 32 derrotas
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Classificação: 5º lugar na Conferência Oeste
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Nos playoffs: derrota na final da NBA para o Boston Celtics por 4 a 1; foi campeão do Oeste passando por Los Angeles Clippers por 4 a 2, Oklahoma City Thunder por 4 a 2 e Minnesota Timberwolves por 4 a 1
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O que aconteceu: os Mavericks ficaram praticamente o tempo todo naquele grupo de times do Oeste que, ao mesmo tempo, lutavam por mando de quadra na primeira rodada dos plyoffs e podiam cair no play-in. No fim das contas, graças a uma corrida de 16 vitórias em 20 jogos na reta final da fase de classificação, a equipe avançou em quinto lugar. Boa parte desta evolução passa pelas trocas no meio do caminho que resultaram nas chegadas de PJ Washington e Daniel Gafford. A boa defesa, o entrosamento cada vez maior entre Luka Doncic e Kyrie Irving e as bolas de três impulsionam os Mavericks ao topo do Oeste nos playoffs. Na decisão, porém, o Boston Celtics ainda pareceu um oponente fora de alcance.
O elenco dos Mavs para a temporada 2024/25
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Escolhas de Draft: nenhuma
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Quem mais chegou: Klay Thompson (ala-armador, Golden State Warriors), Spencer Dinwiddie (armador, Los Angeles Lakers), Quentin Grimes (ala-armador, Detroit Pistons), Naji Marshall (ala, New Orleans Pelicans), Kessler Edwards (ala, Sacramento Kings), Jazian Gortman (armador, G-League), Jamarion Sharp (pivô, sem time) e Emanuel Miller (ala, sem time)
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Quem foi embora: Derrick Jones Jr (ala, Los Angeles Clippers), Josh Green (ala-armador, Charlotte Hornets), Tim Hardaway Jr (ala-armador, Detroit Pistons), Alex Fudge (ala, sem time) e Greg Brown (ala, sem time)
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Provável time titular: Kyrie Irving, Luka Doncic, Klay Thompson, PJ Washington e Dereck Lively II
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Reservas: Spencer Dinwiddie, Brandon Williams, Jazian Gortman (armadores), Dante Exum, Quentin Grimes, AJ Lawson, Jaden Hardy (ala-armadores), Kessler Edwards, Naji Marshall, Emanuel Miller (alas), Maxi Kleber, Markieff Morris, Olivier-Maxence Prosper (alas-pivôs), Daniel Gafford, Dwight Powell e Jamarion Sharp (pivôs)
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Técnico: Jason Kidd
O clima para a temporada
Desde que estabeleceu como missão chegar a um título da NBA sob a liderança de Luka Doncic, os Mavericks têm se mexido bastante. Nem sempre acertam, é verdade, mas não dá para reclamar de inércia. Durante a temporada passada, os ajustes para aprimorar o time vieram nas aquisições de PJ Washington e Daniel Gafford. Não dá para esquecer também da cartada por Kyrie Irving um ano antes disso.
Diante de todo esse contexto, fica mais fácil compreender por que a diretoria não se deu por satisfeita, nem mesmo depois de um vice-campeonato da NBA passando por uma Conferência Oeste concorridíssima. Apesar de Klay Thompson já não ser mais sombra do jogador que foi nos tempos áureos de dinastia do Golden State Warriors, os Mavericks ainda o veem como uma peça de valor. Por isso, não hesitaram em contratá-lo quando ficou claro que ele não permaneceria por lá.
Mas não foi a offseason dos sonhos porque Derrick Jones Jr foi embora. Manter um defensor que teve um impacto tão grande durante a caminhada nos playoffs era uma tarefa importantíssima para os Mavericks. Não deu certo. Agora é ver se o acréscimo de um vai ter um peso maior do que a ausência de outro.
Abre aspas
“Quando eu ou Kyrie Irving estivermos com a bola, o adversário que estiver marcando o Klay Thompson não vai poder sair para ajudar. Porque se fizer isso, ele vai ficar livre e vai acertar os arremessos. Então eu acho que esse espaçamento que ele é capaz de oferecer será crucial para a gente.”
Esta foi a análise que Luka Doncic fez sobre o que a chegada de Klay Thompson pode oferecer ao Dallas Mavericks.
Uma esperança
Os Mavericks foram o segundo time que mais tentaram arremessos de três pontos na última temporada: 39,5 por jogo. Só o Boston Celtics (42,5 por partida) arriscou mais. Em termos de aproveitamento, porém, ficou em 13º lugar no ranking geral da liga, convertendo 36,9% destas bolas.
Para quem contratou Klay Thompson, é um prato cheio. Está claro que os tiros de três fazem parte da identidade deste time. Até porque Luka Doncic e Kyrie Irving gostam de arremessar de longe a partir do drible. Mas também é verdade que a bola costuma chegar em boa condição nas mãos de quem fica posicionado no perímetro apenas esperando o passe. E nestas circunstâncias, Thompson continua sendo muito capaz de punir os oponentes.
Se a entrada dele na vaga de Derrick Jones Jr no quinteto principal levanta algumas preocupações defensivas, é justo que se crie expectativas animadoras para o que pode acontecer do outro lado da quadra.
Um medo
Durante a fase de classificação da temporada passada, os Mavericks tiveram apenas a 18ª defesa mais eficiente da liga, com média de 114,9 pontos sofridos a cada 100 posses de bola. Após as trocas que foram feitas para reforçar o elenco na época do All-Star Game, este número melhorou um pouco: 112,1 pontos.
Nos playoffs, houve mais uma queda neste indicador defensivo. Foram 110,7 pontos levados em média a cada 100 ataques dos oponentes. Claro que é importante aqui fazer a ressalva de que, durante este período, o time se viu testado diante de apenas quatro adversários — e não 29, como acontece na temporada regular. Mas também é justo apontar que só teve equipe de nível muito alto nesta caminhada rumo à final da NBA.
Ainda na esteira disso, vale lembrar o quanto os ajustes defensivos foram determinantes para a campanha vitoriosa do Oeste, sobretudo nas séries contra Oklahoma City Thunder e Minnesota Timberwolves. Foi a capacidade de tirar dos oponentes da zona de conforto que os fez vencedores.
Mas o que poderia servir de esperança acabou virando uma grande preocupação. Derrick Jones Jr não está mais em Dallas. Por mais que fosse simplista atribuir somente a ele o sucesso defensivo dos Mavericks, é justo apontá-lo como um elemento fundamental para a maneira como as coisas se desenrolaram.
Sem ele, PJ Washington terá de assumir uma carga de trabalho defensivo ainda maior. Tem ainda, claro, o fator Klay Thompson. Ao mesmo tempo em que dá para se ver com bons olhos o potencial colaborativo dele no ataque, a falta de mobilidade na defesa é uma grande preocupação.
Pode ser que Thompson nem chegue a ser uma lacuna defensiva assim tão grande. Mas, para sustentar o que conseguiu na temporada passada, ainda mais em uma Conferência Oeste tão nivelada por cima e de concorrentes tão reforçados, os Mavericks vão precisar ser capazes de reeditar aquele nível defensivo dos playoffs. Sem isso, fica muito difícil imaginar aquilo se repetindo.
O cara
Os 33,9 pontos por jogo fizeram de Luka Doncic o cestinha da NBA na última temporada. Além disso, ele teve médias de 9,8 assistências, 9,2 rebotes e 1,4 roubo de bola por jogo, com aproveitamento de 38% nos arremessos de longa distância — melhor índice pessoal até hoje.
Os números ajudam a explicar por que Doncic não só manteve seu lugar cativo entre as estrelas do Oeste no All-Star Game, como terminou em terceiro lugar na corrida pelo troféu de MVP e conquistou uma vaga no quinteto ideal da temporada.
As estatísticas e todos os feitos individuais impressionam, é claro, mas o mais legal foi ver como tudo isso se encaixou em torno das outras peças e ajudou a alavancar o elenco dos Mavericks.
Dereck Lively II e Daniel Gafford, por exemplo, se tornaram dois grandes finalizadores ao redor do aro graças às condições em que Doncic os colocou, com passes na medida para pontes aéreas depois de abrir espaços nas defesas adversárias. PJ Washington, por sua vez, nunca arremessou tanto com liberdade.
E, especialmente nos playoffs, Doncic apresentou uma versão ainda pouco vista até então: a de defensor implacável em situações de um contra um. Tudo isso, vale lembrar, para um jogador que ainda não bateu nos 26 anos de idade e completou a sua sexta temporada na NBA. É animador pensar no que pode vir pela frente.
Também vale a pena ficar de olho
Não tem como não destacar Klay Thompson por aqui. Não só por ser uma novidade de impacto no elenco, mas também pela saída de Derrick Jones Jr. É como se os Mavericks estivessem apostando mais nos benefícios da chegada dele do que nas desvantagens da perda de um titular da temporada passada.
O fim de relacionamento com o Golden State Warriors veio depois de uma temporada em que Thompson teve média de 17,9 pontos por jogo e um aproveitamento de 39% em bolas de três. Não são números ruins. Longe disso. Mas a falta de consistência na construção destes números e o nível decadente de atuações defensivas pesaram bastante.
Jogar ao lado de Luka Doncic e Kyrie Irving deve abrir mais espaços para Thompson. Ou, pelo menos, deve facilitar as coisas para o ataque dos Mavericks. Afinal de contas, por mais que ele esteja já distante do auge, não vai ser alguém que as defesas vão ficar confortáveis em deixar livre se for preciso mandar ajuda em cima de um dos armadores com a bola nas mãos.
O potencial disso é muito bom. Dá até para imaginar os Mavericks emplacando um dos sistemas ofensivos mais eficientes da NBA. Mas, para isso acontecer, é preciso que Thompson consiga permanecer em quadra. O que significa que, na defesa, ele não pode ser um alvo fácil dos oponentes.
Grau de apelo para o telespectador – de 1 a 5
4,5 (alto para máximo) – Não é exagero dizer que os Mavericks têm dois dos armadores mais habilidosos da história recente da NBA. Como se isso não fosse o bastante, o elenco ainda conta com pivôs que parecem que nasceram para jogar com Luka Doncic, recebendo um monte de passe pelo alto e completando pontes aéreas. E Klay Thompson como fato novo é algo que só aumenta o nível de curiosidade que esta equipe desperta.
Palpite para a temporada 2024/25 dos Mavs
No cenário mais otimista: vence o Oeste de novo e chega para a decisão do título em melhor condição de vencer a série do que no ano passado.
No cenário mais pessimista: escorrega para o play-in, de onde nem passou longe de cair na temporada passada, e não consegue passar da primeira rodada.